Saiba como animações para vídeos incríveis são feitas e quais são os 12 princípios que regem essa arte
O conceito de animação que conhecemos hoje foi fundado nos anos 30 nos estúdios da Walt Disney. Há quase 100 anos, a mão de obra especializada era escassa e havia um time formado pelos “nove anciões” (old nine men), os melhores animadores da época. Eles que eram responsáveis por dar alma às animações tão conhecidas da Disney. Dois deles, Frank Thomas e Oliver Jhonson criaram um manual para manter a qualidade dos filmes da Disney aos futuros animadores.
Assistindo a diferentes filmes, eles estudaram como as leis da física intercedem nas ações de personagens ou objetos captados pela câmera. Assim, eles escreveram o livro The Illusion of Life: Disney Animation e nasceram os 12 princípios para criar animações matadoras. Confira quais são eles!
1. Comprimir e esticar (Squash and Strech)
O primeiro princípio é baseado em passar a ilusão peso e volume para um objeto enquanto ele se movimenta. Durante os estudos dos filmes, os autores perceberam que os movimentos formavam borrões. Isso dá a impressão de que as coisas estão se esticando, até voltarem à sua forma original quando em repouso.
Quando um objeto encosta em uma superfície, como uma bolinha de borracha pingando no chão, ele comprime quando entra em contato com a superfície e volta ao normal quando estiver estático.
Portanto, o primeiro princípio diz respeito à alteração da forma da massa, preservando o volume. Os seja, quando o objeto esticar, ele também fica mais fino, já quando comprimir, ele fica mais largo, mantendo o volume do objeto original. Esse princípio pode ser usado para movimentação de objetos, gestos de personagens e expressões faciais.
2. Antecipação (Antecipation)
A antecipação tem como objetivo preparar a audiência para a principal ação que está para acontecer. Cada ação principal é precedida por pequenos movimentos que sugerem ao espectador o que irá acontecer nos segundos seguintes.
Como o principal papel das animações é contar histórias, a antecipação conta a história de cada movimento. Ela cria expectativa no espectador, que vai se atentar à próxima ação do objeto.
Por exemplo, antes de um jogador de basquete jogar a bola na cesta, ele flexiona os joelhos. Antes de um objeto fazer diretamente o movimento desejado, ele deve fazer uma prévia desse movimento, a antecipação.
3. Encenação (Staging)
Encenação, staging, mise-en-scène… entenda cada um desses termos com o nosso Dicionário de Audiovisual gratuito.
Esses termos se referem ao estudo de como os personagens e os objetos vão interagir em relação à câmera. Em qualquer vídeo, a informação principal deve ser clara para o expectador.
Mais para frente, veremos que para que as informações sejam claras na animação, os movimentos podem ser um pouquinho exagerados, se utilizando de todo o espaço disponível da tela.
Esse movimento exagerado combinado com a antecipação, vai direcionar o olhar do espectador para a ação importante na cena, deixando claro que aquela é a principal.
Veja 7 técnicas de composição de cena para usar nos vídeos!
4. Animação Direta ou Pose a Pose (Straight Ahead and Pose to Pose)
O quarto princípio diz respeito a duas maneiras de construir a animação. Vamos ver uma de cada vez!
Na animação pose a pose é feito o desenho do primeiro ponto e do último ponto. São produzidos, então, os principais frames entre o primeiro e o último ponto. Por último, são criados todos os frames que intermediam todo o movimento.
A animação direta se inicia em um ponto de partida e o desenho se desenvolve livremente até chegar no frame final.
5. Sobreposição e Continuidade da Ação (Follow Through and Overlapping)
Nenhum movimento deve ser parado bruscamente em uma animação. Quando um personagem ou objeto parar abruptamente um movimento, ele deve conter um pequeno balanço. Por exemplo, quando há uma frenagem em um carro em movimento, o corpo vai levemente para frente até retornar para a posição original.
As animações profissionais seguem o mesmo princípio do corpo físico, tendo uma continuidade da ação antes da parada completa.
6. Aceleração e Desaceleração (Slow in and Slow out)
Segundo os mesmos princípios da regra cinco, os movimentos não seguem uma velocidade contínua. O objeto sai da inércia e começa a acelerar, até começar a desacelerar e voltar à posição de repouso. Por conta da gravidade e resistência do ar, quase não existem acelerações lineares na terra. Por isso, é interessante a aceleração e desaceleração de todos os objetos de uma animação.
7. Movimento em forma de arco (Arcs)
Em observação à natureza, os autores perceberam que a maior parte das formas são curvas, arqueadas. As linhas retas transmitem um sentido “mecânico”, que não pertence aos movimentos naturais.
Os movimentos dos personagens e objetos são mais reais quando respeitam essas curvas e arcos. A visualização da perspectiva da câmera também são mais realistas quando os movimentos são em trajetória de um arco.
8. Ação secundária (Secundary Act)
Todo tipo de movimento vai influenciar diversos outros objetos da cena. A ação secundária deriva do movimento principal, com o objetivo de reforçar a primeira ação e adicionar dimensão e realismo a imagem.
Quando uma pessoa anda, o movimento é produzido pelas pernas, mas o cabelo e a roupa também vão se mexer.
Na animação, é importante identificar o movimento primário, aquele que comanda a cena, e produzir os movimentos secundários a partir dessa primeira ação.
9. Temporização (Timing)
O timing é responsável por deixar a animação fluida, captar a atenção do espectador e até surpreendê-lo. Os movimentos dentro do espaço da tela precisam respeitar um tempo.
Saber quando iniciar, acelerar e diminuir um movimento são noções de timing. Essa noção é adquirida com muita experiência e respeitando os princípios 5 e 6 das animações.
10. Exagero (Exaggeration)
O exagero na animação tem a principal função de deixar claro o objetivo da cena. Ele funciona muito bem em combinação com o princípio 3, a encenação. Ao utilizar de maneira clara o espaço da tela, os animadores podem “brincar” com as expressões faciais e principais movimentos.
O exagero é muito presente nos cartoons, mas não exclusivo. Esse princípio foge das leis da física, mas é um toque interessante para a linguagem de animação.
11. Desenho Volumétrico (Solid Drawing)
O desenho volumétrico diz respeito à profundidade e perspectiva da imagem. Sempre respeitando a proporção dos personagens, cenários e outros objetos.
Esse realismo é agradável para o espectador por passar a ilusão de volume e peso do objeto.
Quando a animação é feita frame a frame, ou desenhada à mão, as técnicas de desenho devem ser bem empregadas para transmitir a mensagem desejada.
12. Apelo (Appeal)
O apelo da animação tem a ver com a beleza do design, mas não só. Muitas vezes, o apelo está atrelado ao carisma do personagem e sentimentos das ações.
Objetos e movimentos com traços humanizados auxiliam a criar uma conexão emocional com o espectador. Principalmente, o apelo vem de uma história bem contada e um personagem bem construído.
Os 12 princípios da animação
Uma produção matadora de um vídeo de animação contém a maioria desses 12 princípios da animação. Esses vídeos têm maior desempenho nas redes sociais, engajam o espectador com mais facilidade e convertem melhor.