O aprendizado e o conhecimento são resultados do entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade.
O impacto das tecnologias digitais reflete e transforma o pensamento da civilização ocidental. No caso da educação, mais especificamente na pedagogia contemporânea, a internet impacta radicalmente a forma como as pessoas aprendem e ensinam. Principalmente o processo de apropriação da tecnologia social, as redes sociais, sua topologia e conexões.
Essa apropriação tem mais a ver com a forma como as pessoas conversam na rede. Pessoas que conversam com outras pessoas. Uns que ensinam os outros. Uns que aprendem com os outros. Uma dinâmica que só é possível quando temos as redes sociais como plataforma pública. O que sabemos agora que não sabíamos há dez anos? O aprendizado e o conhecimento são resultados do entrelaçamento de múltiplas forças: conteúdo, contexto e comunidade. Nas redes sociais encontramos essa ecologia da aprendizagem.
Estamos começando a ver a expansão desse modelo além das plataformas de software. Aparece em todos os domínios da informação e da educação. O MOOC (Massive Open Online Course) é um desenvolvimento recente na área de educação a distância. Ele se vale das relações entre os pares para dar conta da organização de cursos. Os alunos passam a participar do andamento do curso em que o professor é apenas um facilitador. Os MOOCs são exploratórios, disruptivos e desconstrutivos.
As dúvidas são reveladas na rede. Nos fóruns, em listas, encontramos aquilo que outras pessoas estão fazendo. Pessoas postam dúvidas. Outros postam soluções. As pessoas blogam sobre diversos temas. Logo, ensinar nessa realidade pressupõe conhecer as entranhas da rede. Pois quando as pessoas estão conectadas elas procuram outras pessoas para conversar. Querem estar no Facebook, bater papo no Wapp, buscar aquilo que é relevante para cada um.
Como lidar com essas variáveis? Este é um grande desafio. E poucos têm conseguido estabelecer uma relação entre a anarquia das redes e a educação tradicional. Pedagogia é a ciência que estuda os problemas relacionados com o seu desenvolvimento como um todo; é o conjunto de métodos que asseguram a adaptação recíproca do conteúdo informativo aos indivíduos que se deseja formar. A pedagogia é dinâmica. Mas não é instrucional. As ferramentas que temos à mão podem fazer emergir um comportamento muito diferente do que os educadores esperam como resultado final. Espera- se algo mais radical, contemporâneo e difícil para os observadores avaliar.
O aumento eficaz da produção em larga escala, esforços colaborativos, informação peer-to-peer (entre pares), conhecimento e cultura rolando em projetos de ativismo em rede. Um exemplo que surge com o software livre e
de código aberto. No que chamamos de Nova Economia existe um consenso de que a produção de conhecimento apresenta retorno crescente, ou seja, quanto mais conhecimento for disponibilizado, mais conhecimento será produzido. O modelo Open Source é uma forma de aproveitar esta característica, com vantagens econômicas e sociais importantes. Ameaça a existência de monopólios ineficientes, os modelos econômicos ultrapassados e a visão tradicional da educação. A educação tem que lidar com o caos emergente que é consequência de uma Internet aberta. Uma nova ordem cognitiva de aprendizagem emerge do conhecimento conectado. A educação entre pares é uma realidade e tem que andar junto com o mix de tecnologias ubiquas que são disponibilizadas pelas conexões sociais.
O artigo representa somente a opinião do articulista