Como garantir na pré-produção que seu vídeo saia exatamente como o esperado – ou melhor!
“Luz, câmera, ação!”
Antes dessa famosa frase ser pronunciada no momento de gravação, muita coisa acontece nos bastidores. São as etapas denominadas “pré-produção”, ou seja, tudo que antecede a produção do vídeo propriamente dita.
Seja qual for o nível de profissionalização do vídeo, a pré-produção é necessária para garantir o alinhamento mínimo entre as pessoas envolvidas, nem que sejam apenas um cliente e um produtor, ou uma pequena equipe de comunicação.
No caso de vídeos para comunicação interna, não existe a figura do cliente, mas ele pode ser um gerente ou diretor que vá aprovar o resultado final antes da veiculação. Entender as expectativas para aquele vídeo, sua mensagem principal, a forma como ele deve ser feito e o que precisa ser providenciado e organizado para que a gravação aconteça são passos básicos que garantem um resultado final incrível.
Para criar um pequeno processo de pré-produção – que poupará muito trabalho posterior -, entenda neste post como funcionam as etapas anteriores à filmagem!
1. Reunião de pré-produção
O primeiríssimo passo – primordial – é uma reunião entre os stakeholders do projeto, sejam eles os solicitantes ou os executores. “Stakeholders” são todas as pessoas envolvidas na realização do vídeo, com maior ou menor grau de atividade.
Como neste post estamos falando de vídeos produzidos por equipes de comunicação para as empresas onde trabalham, temos o possível cenário de stakeholders a seguir:
- Equipe de comunicação: redator (roteirista); designer/ motion designer; editor de vídeo;
- Gestor de Comunicação: gerente que direciona o projeto e aprova todas as etapas de execução do vídeo; pode atuar também como diretor, para guiar as gravações e tornar o projeto consistente;
- Terceiros: atores, figurantes, locutores, apresentadores (contratados quando necessário).
A reunião de pré-produção será o momento de reunir esses profissionais para alinhamento de ideias e objetivos, além de poderem fazer um brainstorm para a exercer a criatividade e definir como será o vídeo. A primeira reunião coletará as demandas, condições e prazos para o vídeo. Após essa conversa, as informações devem ser organizadas em um briefing, que é o passo seguinte.
2. Briefing
O briefing é um documento criado para organizar todas as informações do projeto em um só arquivo, sendo o mais completo e claro possível. Imagine que, após um reunião de pré-produção, as pessoas envolvidas saem com várias informações na cabeça, e não necessariamente estão na mesma página. O briefing, então, servirá para alinhar todos os envolvidos no projeto – tanto os profissionais quanto quem solicitou o vídeo. O documento deve ficar sempre disponível para consultas e referências.
O documento de briefing é utilizado em vários contextos, desde redação, publicidade, até o audiovisual. Para cada uma das áreas ele pode ser estruturado de diferentes formas, mas, no caso de um briefing de vídeo, é importante que ele contenha os seguintes tópicos:
Quem é o cliente ou a empresa
Esse tópico consiste na descrição da identidade da empresa que utilizará o vídeo. Conta um pouco do estilo que ela utiliza em sua comunicação e o que espera do vídeo. Essa descrição é importante até quando os profissionais estiverem fazendo vídeos para a própria empresa onde trabalham, pois, mesmo que eles já conheçam o local, essas informações podem trazer insights sobre como deve ser o estilo do vídeo naquele momento.
Objetivos do vídeo
Aqui é apontado tudo que se espera obter com o vídeo: qual é a mensagem que ele deve transmitir, qual problema busca-se solucionar ou qual é sua informação central. Tendo esses pontos claros, ficará mais fácil determinar qual é o melhor caminho para se chegar no resultado esperado.
Veiculação do vídeo
Informa qual será o veículo de comunicação para o vídeo: internet (site, blog, redes sociais, intranet) ou TV Corporativa, e se é um vídeo para comunicação interna ou externa. Isso é importante para determinar o formato e resolução necessárias para o arquivo de saída, o que garante a qualidade.
Público-alvo
Fornece um perfil do público ao qual o vídeo se destina. No caso dos vídeos para o marketing externo, muitas empresas já contam com a descrição de persona, o que pode ser muito útil para o briefing. Caso não tenha uma, vale a pena fazer uma pesquisa sobre gênero, faixa etária e profissão do público principal da empresa. O mesmo é válido para vídeos de comunicação interna – deve ser pesquisado quem são os colaboradores, quais seus interesses e qual nível de informalidade é possível utilizar. Essas informações ajudarão a definir pautas, linguagem e técnicas mais adequadas para o sucesso do vídeo.
Especificações técnicas
Informa aspectos importantes para o roteirista e editor de vídeo, como o tempo de duração que o vídeo deverá ter, qual o seu formato (vertical, horizontal) e resolução (ex. HD, Full HD, 4k).
Estilo do vídeo
Aqui, o importante é fornecer o direcionamento para a pessoa que editará o vídeo ou fará algum trabalho de design na edição. É preciso dizer identificar a técnica a ser utilizada (como motion graphics, animação, whiteboard. Veja as técnicas mais indicadas para cada temática), e quais elementos gráficos devem ser inseridos na edição. Alguns deles são: legendas, Gerador de Caracteres, marca d’água com logotipo, ou alguns elementos animados. Vale ressaltar que no briefing ainda não é o momento de descrever a fundo esses elementos, isso será feito no roteiro. Pode ser indicado também se haverá uso de locução, trilha sonora, efeitos sonoros, atores ou qualquer outro recurso adicional.
Cronograma
Tabela que organiza os jobs (tarefas) a serem realizados até a entrega final do vídeo. O cronograma ajuda a dividir o processo em fases intermediárias; além de definir os responsáveis e os prazos. Assim, todas as pessoas envolvidas conseguem enxergar o processo por completo e cumprir suas tarefas no tempo correto.
Referências
Aqui são colocados quaisquer materiais de referência para o trabalho a ser realizado. Valem links de vídeos similares à proposta, referências de paleta de cores, enquadramentos, imagens, técnicas de animação… Tudo que ajude os profissionais a imaginarem o que se deseja obter.
3. Visita Técnica
Antes de filmar o vídeo, estude o local de gravação. Essa etapa consiste na visita técnica, que é uma análise dos enquadramentos possíveis no local, melhores ângulos e fundos para as cenas. De modo geral, a visita antecipará as possibilidades de gravação, dando insights ao roteiro. É possível tirar fotos para indicar ao roteirista essas considerações.
Na visita confirma-se também a viabilidade da gravação naquele ambiente. É preciso analisar se há condições ideais de iluminação, silêncio e organização para uma filmagem sem interferências do ambiente. Assim, garante-se que no dia da gravação não haverá problemas com o local.
4. Roteiro
O roteiro é, talvez, o principal documento que antecede a filmagem. Ele é responsável por descrever tudo sobre as gravações: local, ações, direcionamento de câmera, falas, locução, trilha sonora, edições. Ele será utilizado por diversos profissionais, durante a produção e pós-produção, para se orientarem. Eles vão desde os atores, apresentadores e locutores até o cameraman e editor.
Os tópicos de cada roteiro variam de acordo com a demanda e a necessidade. Por exemplo, quando não há locução e trilha sonora, não é necessário incluir esses elementos no documento.
O roteiro deve ser funcional, claro e organizado, já que tantas pessoas se guiarão por ele. Portanto, o roteirista deve estar alinhado com o propósito do vídeo (que deve estar claro no briefing), os aspectos técnicos e com o básico sobre enquadramentos e movimentos de câmera, além de edição de vídeo. Não estamos dizendo que é preciso ser um expert em tudo isso, mas esses conhecimentos certamente ajudarão a construir um bom roteiro. Inclusive, ele pode ser construído pelo conjunto de profissionais (redator, editor, técnico), que ajudarão a pensar em cada aspecto do vídeo.
Baixe aqui um modelo de roteiro audiovisual!
5. Recursos e materiais
No briefing terá sido feito um levantamento de recursos e materiais necessários para o vídeo: locutores, figurantes, apresentadores, atores, figurinos, locação de um estúdio ou outros itens. Também serão indicados os objetos de cena necessários, que são o que vai compor o cenário e contextualizar o ambiente. Essas contratações e compras devem ser feitas com antecedência, para garantir todos os recursos no dia da filmagem e que nada tenha que ser providenciado em cima da hora.
6. Documentos
Não esqueça que quando há contratação de terceiros para seu vídeo, como figurantes e locutores, existe a necessidade de assinatura de termos de cessão de imagem e voz para o uso comercial. No dia da gravação, ou antes, leve a documentação impressa para que os contratados possam assinar e formalizar o trabalho e a autorização.
Não deixe a documentação para depois das gravações, pois isso pode atrasar a publicação do vídeo, já que é preciso estar tudo certo para a veiculação do material.
7. Criação
Quando o briefing e o roteiro já foram aprovados, é hora da criação começar. Os envolvidos nesta etapa de criação são os designers e editores responsáveis pelo vídeo. Eles irão elaborar alguns documentos que antecipam o resultado final, visualmente falando. Isso é importante para se certificar de que a estética, ritmo e narrativa imaginados atendem às expectativas de quem solicitou o vídeo, além de alinhar a equipe de produção quanto ao trabalho a ser feito. É o momento de visualizar a produção, pois, até então, os documentos foram apenas descritivos.
Na etapa de criação, os profissionais geralmente preparam os seguintes materiais:
Storyboard:
Consiste em desenhos de como ficarão as principais cenas do vídeo, em ordem sequencial e, geralmente, sem cores, como um rascunho de baixa fidelidade. O storyboard mostra as silhuetas dos elementos de cena (pessoas, objetos) e os enquadramentos, por meio de pequenos desenhos que lembram uma história em quadrinhos. Não é necessário colocar as falas, mas pode ser acrescentada uma pequena descrição da cena em cada quadrinho. Veja um exemplo de storyboard abaixo:
Moodboard:
É um quadro de referências estéticas que serão utilizadas no vídeo. Mais abstrato, o moodboard é composto por imagens que transmitem algumas escolhas quanto à composição do vídeo, como cores, texturas, emoções, estilos de design:
Direção de Arte:
A direção de arte é o documento de pré-produção que mais se aproxima do resultado final do vídeo. Após todas as definições anteriores, o designer cria telas de alta fidelidade em relação ao que será feito no vídeo. São em média 3 telas para gerar a visualização do projeto.
É importante que após a criação, os documentos sejam analisados e aprovados, porque é o momento ideal para ajustar tudo que for necessário antes de colocar a mão na massa na produção.
8. Equipamentos
Dependendo do nível de profissionalização das gravações, serão necessários alguns equipamentos além das câmeras. Eles proporcionarão maior qualidade de áudio e imagem. O ideal é separar com antecedência estes equipamentos, verificar as baterias e o funcionamento, para estar tudo certo no dia da gravação:
- Câmera com cartão de memória;
- Tripé;
- Iluminação;
- Microfones.
Entenda mais sobre possibilidades de equipamentos de filmagem neste artigo.
Concluindo
Nesse post vimos sobre tudo que antecede a gravação de um vídeo, seja ele para comunicação interna ou externa. Organizamos o processo em 8 passos interdependentes, tendo-se em mente que a qualidade final do vídeo depende da qualidade individual de cada etapa anterior.
Cumprindo a pré-produção, você obterá cinco documentos que serão parâmetros para orientar a produção de seu vídeo (briefing, roteiro, moodboard, storyboard e direção de arte) e todos os recursos humanos e materiais necessários. Assim, com toda essa estrutura preparada, as chances de sucesso de seu material serão muito maiores!
No momento da produção, algumas dicas também podem ajudar, e esse é o tema de nosso próximo post, na semana que vem. Curta e fique ligado em nossas redes sociais e não perca!